Depressão: Sintomas persistentes, prevenção e tratamento - Synvia
depressão
Uma conversa franca sobre a depressão.

 

A depressão é um dos maiores e mais impactantes distúrbios de saúde do mundo moderno, podendo afetar qualquer pessoa. Conheça seus sintomas, o que se sabe sobre sua origem e fatores de risco, e o que podemos fazer para evitá-la.

 

“A depressão é a coisa mais desagradável que já experimentei… É essa incapacidade de imaginar que você poderá ser alegre novamente. É a ausência de esperança. Um sentimento muito entorpecido, diferente de se sentir triste. A tristeza, ela dói, mas é um sentimento saudável. É algo necessário de se sentir. A depressão é muito diferente.” [1]

 

As palavras acima certamente ressoam de forma profunda para milhões em todo o mundo, pessoas que compreendem exatamente o que elas querem dizer. Gente que sente ou já sentiu, no dia a dia, o pesado fardo da depressão, e bem sabe o peso que ele traz para o bem-estar e a qualidade de vida.

Quem abriu seu coração e disse a frase acima foi ninguém menos que J. K. Rowling, a famosa autora dos livros da série Harry Potter e uma das pessoas mais influentes, ricas e poderosas da indústria cultural moderna. No auge da carreira, quando tudo aparentemente estava correndo bem em sua vida, o enorme peso psicológico da fama, da mídia, da falta de privacidade e das constantes pressões resultaram em uma saúde mental debilitada, levando-a novamente à depressão – ‘novamente’ porque sentir-se deprimida acompanhava a autora desde bem antes da fama. Este caso é emblemático, já que demonstra que a depressão pode afetar qualquer pessoa, independentemente de suas condições de vida ou de saúde. Mostra, também, que é um distúrbio que pode ir e voltar, quando menos se espera. Demonstra que é um assunto dos mais sérios, e que precisa ser tratado como tal.

Hoje vamos conversar sobre um dos problemas de saúde mais impactantes do mundo moderno, afetando mais de 300 milhões de adultos em todo o mundo e já sendo considerada a principal causa de incapacidade [2] física e mental – a depressão.

 

 

O que exatamente é a Depressão (e o que a diferencia de outras condições)?

Em termos simples, a depressão é um transtorno caracterizado por alterações psicológicas persistentes, que incluem sensação de tristeza, falta de ânimo e de perspectivas positivas para o futuro, assim como alterações físicas, como cansaço, perda de peso e de apetite (veja detalhes sobre os sintomas adiante).

Consequências comuns da depressão são insônia, transtorno bipolar e o aumento de ideações suicidas. Em alguns casos, ela é acompanhada por episódios convulsivos, que podem ocorrer mesmo durante a remissão.

 

O fator tempo

Um dos fatores que distinguem a depressão é o tempo. Pessoas com depressão sentem-se mal, psicologicamente estafadas, durante longos períodos. São semanas, às vezes meses, sem sentir prazer, sem se interessar por nada ou qualquer atividade.

Este é um ponto importante: sentir-se triste é absolutamente normal. Sentir-se triste periodicamente, também. Sentir-se mal não é, necessariamente, um sinal de problemas mais graves, apenas de que a vida, infelizmente, não anda no caminho correto. A depressão, todavia, é uma ‘tristeza sustentada’, é um fardo psicológico inquietante e debilitante que dura semanas, meses. A diferença entre tristeza e depressão pode ser bem exemplificado no relato que vimos acima de J.K. Rowling.

Como a autora bem ilustra em sua exposição, a depressão é um sentimento que ‘abraça’ profundamente a pessoa (e parece não querer soltá-la…), afetando cada parte de sua vida: escola, trabalho, vida familiar, amigos – tudo ganha um aspecto mais opaco, menos vivo, menos estimulante. Sem ânimo ou vontade, perde-se amigos, brigas e discussões se tornam mais comuns, a performance nos trabalhos piora, a saúde geral se enfraquece. Essa sensação duradoura impede que a pessoa imagine um futuro melhor, soluções para os problemas e o retorno de dias felizes.

 

Números e dados

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, 5% dos adultos no mundo sofrem de depressão – são mais de 300 milhões de pessoas [3]. A porcentagem é um pouco maior para mulheres (6%) do que para homens (4%) – entre grávidas e puérperas (quem teve um filho recentemente), os índices de depressão sobem para 10%.

No Brasil, o Ministério da Saúde estima em 15.5% a incidência de pelo menos 01 episódio de depressão ao longo da vida na população geral [4].

Além de impactar negativamente o dia a dia, uma das consequências mais devastadoras da depressão é o suicídio, cuja ideação aumenta em casos de depressão não tratada. Estima-se que mais de 700 mil pessoas faleçam anualmente vítimas do suicídio – ele já é a 4ª maior causa de mortes entre jovens de 15 a 29 anos [5].

A fim de evitar tantas consequências negativas, precisamos conhecer a fundo o problema.

 

 

Quais são os sinais e sintomas da depressão?

Como vimos acima, o tempo é um fator diagnóstico importante para a depressão. Afinal, sentir-se mal ou ter mudanças de humor é algo corriqueiro – todos passamos por isso. Pessoas com tendência à depressão, todavia, sentem-se tristes, vazias, irritadas e sem vontade de agir praticamente todos os dias, durante a maior parte do dia, por pelo menos 02 semanas. É um impacto psicológico grande, completamente diferente de uma tristeza momentânea.

Note-se que esse desânimo tão característico da depressão também pode vir acompanhado de sensações de enorme ansiedade e de medo – também estes sentimentos debilitantes e ‘paralisantes’.

A falta de ânimo e de vontade de viver, a incapacidade de sentir prazer com atividades que, antes, traziam alegria e bem-estar, tem um nome técnico: anedonia. Quando persistente, é uma das principais características da depressão.

Podemos voltar à J.K. Rowling para uma metáfora poderosa sobre esse impacto psicológico. Na série de livros Harry Potter, a autora criou personagens chamados de Dementadores – seres do submundo que se alimentam da felicidade das pessoas, capazes de extrair todos os pensamentos positivos e, com um beijo, retirar a alma (ânimo) de um corpo, ainda assim mantendo-o vivo. Seria possível uma imagem mais nítida do que é a anedonia, do que é a depressão? Segundo a autora, os Dementadores foram conscientemente criados como uma ‘visualização’ dos sintomas depressivos, baseados em suas experiências próprias com a saúde mental.

A depressão pode ocorrer de forma pontual, contínua ou periódica. Isso é: talvez uma pessoa tenha somente 01 episódio de depressão durante toda a sua vida – decorrência de algum choque ou trauma psicológico grave, por exemplo -, passando 02 semanas ou mais com os sintomas, depois disso sentindo-se bem novamente. Pode ser, também, que esses episódios ocorram eventualmente – em alguns períodos do ano, a pessoa está bem, ou então apenas ligeiramente triste ou abatida; em outros, a depressão ganha a batalha e se instala (pesquisas indicam, por exemplo, um aumento no número de diagnósticos de depressão recorrente nos meses de inverno [6]). Não é incomum alguém já ‘curado’ da depressão ter recaídas, mesmo muitos anos após um tratamento bem-sucedido. É importante prestar atenção à saúde psicológica como um todo, ao longo de toda a vida, porque os ‘dementadores’ podem ‘atacar’ quando menos se espera.

Além da falta de ânimo, outros sintomas comuns da depressão são:

• fraqueza, ou sensação de energia mínima

• dificuldade para dormir (muitas pessoas acham que quem está com depressão dorme muito, para ‘fugir da realidade’ – na verdade, é mais comum ainda dormir pouco, já que é muito difícil relaxar tendo tantos pensamentos povoando a mente)

• dificuldade para se concentrar • mudanças no peso e no apetite

• ter sentimentos de culpa excessiva, depreciativos

• perder a esperança no futuro

• ter pensamentos suicidas ou relacionados à morte

 

O que causa a Depressão?

O QUE CAUSA A DEPRESSÃO? A depressão é uma condição multifacetada, complexa, com diversas causas conhecidas.

Ela pode ser, por exemplo, o resultado de um ‘ciclo vicioso’ psicológico. Uma pessoa sofre uma terrível perda, ou um trauma psicológico profundo, e isso resulta em uma espiral de tristeza, desesperança e apatia, que pode resultar na depressão. Ou pode ser que um cotidiano sofrido (por questões econômicas ou sociais, por exemplo) gere estresse e tristeza constantes, que evoluem para a depressão. Esta, por sua vez, influencia tanto a saúde mental quanto física, gerando novos sintomas que impactam ainda mais o bem-estar mental.

Além desses fatores, alguns hábitos de vida estão intimamente correlacionados à depressão. O consumo excessivo de álcool e o uso de entorpecentes são alguns desses exemplos. Eles podem ser tanto causa quanto consequência de problemas psicológicos. Por isso mesmo, precisam ser levados a sério. É comum uma pessoa que bebe demais ou fuma demais não perceber como isto está potencializando seus sintomas depressivos, ou como estes ampliam os maus hábitos e os vícios.

Pesquisas também mostram que doenças – em especial as crônicas – podem ser consideradas um fator de risco importante para a depressão [2,7]. Afinal, saber que está com uma doença ainda sem cura (com sintomas potencialmente impactantes, ou talvez de difícil tratamento) não é nada fácil. Doenças neuro-degenerativas (como Alzheimer, Parkinson e demência) são correlacionadas à depressão, assim como doenças cardiovasculares, metabólicas e endócrinas (como diabetes). Muitas doenças crônicas que afetam o intestino, causando dores, desconfortos e complicações nos hábitos de vida, também têm a depressão como potencial desfecho comum.

Além disso, pesquisas indicam o stress constante como um potencial fator de risco para a depressão [2]. O stress não é apenas um mal-estar psicológico – ele modifica diretamente o organismo. Quando recorrente, ele pode, por exemplo, levar a aumentos dos níveis de glicocorticoides, moléculas capazes de alterar padrões de funcionamento das células do cérebro, potencialmente levando à depressão.

Hoje em dia, sabe-se também que a genética possui uma influência significativa nas taxas de depressão. Estima-se que 30 a 50% dos casos de depressão podem ter alguma herança genética [7]. Mais de 100 variações em genes já foram associadas a uma incidência maior de depressão, provavelmente por resultarem em modificações na produção ou utilização de neurotransmissores importantes para o funcionamento do cérebro e do sistema nervoso. Estas correlações ainda estão sendo estudadas mais a fundo, porém esses resultados iniciais indicam que nossos genes possuem um impacto importante também na maneira como nos sentimos.

 

Como a Depressão é diagnosticada?

Cada pessoa convive com “sua própria depressão”, resultado de fatores únicos em sua vida. Por isso mesmo, problemas psicológicos podem ser difíceis de diagnosticar. Todavia, a depressão é tão presente na sociedade moderna que, hoje, existem diversas maneiras de diagnosticá-la com alto grau de confiabilidade. Com um diagnóstico preciso, abrem-se as portas para os tratamentos.

Um profissional de saúde especializado realizará uma avaliação minuciosa da saúde mental do paciente, por meio de questionários (perguntando sobre sintomas, pensamentos, sensações, comportamento, histórico de doenças, ocorrências traumáticas recentes etc) e requisitando exames complementares, como os físicos (a fim de determinar se a depressão está correlacionada a alguma doença) e até mesmo laboratoriais (por exemplo, exames como hemogramas completos ou da tireoide, a fim de avaliar o funcionamento ‘interno’ do corpo e compreender como isso pode se relacionar com a saúde mental).

Como padrão, é utilizado como base para o diagnóstico da depressão algum dos guias de sintomas referendados pelas principais associações médicas globais, como o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5), manual da Associação Psiquiátrica dos EUA, ou o International Classification of Diseases, da OMC; esses guias indicam os principais sinais da depressão e ajudam na avaliação do estado psicológico do paciente.

O mais importante de tudo é procurar essa ajuda profissional. Muitas pessoas evitam o contato com o médico, adiam a ida ao consultório – isso só piora a situação. Afinal, lembremos que alguns dos sintomas da depressão são correlacionados a outras doenças. Alguns dos sinais que uma pessoa sente podem estar relacionados a fatores de saúde que ela nem mesmo imagina. A orientação profissional ajuda a elucidar estas questões, assim como buscar a forma mais efetiva de tratamento.

Sempre que sentir mudanças profundas de humor, de personalidade, nos padrões alimentares ou de sono; sempre que sentir que as pressões do dia a dia são ‘demais’; sempre que o desconforto com o cotidiano tornar o futuro sombrio e triste, procure ajuda. Ignorar os sintomas não fará bem para você e nem ajudará a resolvê-los. Não hesite em cuidar da saúde da mente da mesma forma como cuidamos da saúde do corpo. Afinal, há tratamentos para ambas.

 

Há diversas maneiras de combater a Depressão

Conversamos bastante, acima, sobre os ‘problemas’ relacionados à depressão. Chegou a hora de falar das ‘soluções’.

Um dos pontos mais importantes quando discutimos depressão é focar em uma verdade nem sempre aparente: há esperança. Tudo pode mudar para a melhor. Com ajuda, suporte e orientação, qualquer situação pode ser revertida de maneira positiva.

Hoje, existem diversas opções terapêuticas medicamentosas e psicoterapêuticas extremamente eficientes no combate à depressão. A maior parte das pessoas sente-se ‘curada’ por elas. Há, sim, casos mais complexos (como veremos a seguir), todavia há muito o que pode ser feito para cuidar desta condição.

Em primeiro lugar, procure um profissional de saúde em quem você confie, possa conversar abertamente e discutir seus problemas. Em um primeiro momento, uma consulta simples a um médico poderá resultar em sugestões de medicações para alívio de sintomas, ou então a orientação de consultas mais aprofundadas com psicólogos, psiquiatras ou outros profissionais. Como vimos anteriormente, a depressão é uma condição comum no mundo moderno, e médicos saberão indicar os caminhos mais eficientes de tratamento.

 

Medicamentos

Em termos de medicação, a variedade de opções é ampla. Existem diversas classes de medicamentos – como inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), inibidores da recaptação da serotonina-norepinefrina (IRSN), antidepressivos atípicos, antidepressivos tricíclicos, inibidores da monoamina oxidase (IMAO) – no arsenal médico que podem ajudar a ‘reequilibrar’ a saúde mental, tratando sintomas e fornecendo um alívio mais que bem-vindo para o paciente ser capaz de ‘se levantar’ novamente.

Vale notar que esses tratamentos podem levar algum tempo até serem eficientes, e que poderá haver um período de ‘testes’ e ‘adaptações’, até o médico identificar o medicamento (ou a combinação de medicamentos) ideal para cada caso. Por isso, é fundamental a aderência estrita à dosagem e ao modo de uso recomendado pelo médico. Estas medicações trabalham justamente com o humor e a saúde mental, e ‘pular’ medicações ou deixar de usá-las por conta própria pode até mesmo piorar os sintomas depressivos.

 

Há tratamentos sem medicamentos?

Mas não é apenas com remédio que se trata a depressão! Em muitos casos, o acompanhamento psicológico, acompanhado de mudanças no estilo de vida, é capaz de resolver os sintomas, reequilibrando a saúde mental até mesmo em um curto espaço de tempo.

Ao conversar com um profissional de saúde, o paciente poderá compreender melhor sua condição, buscar caminhos para resolver seus problemas e pensar em futuro de esperança. O profissional ajudará nessa reconquista da satisfação, a fazer o paciente voltar ao controle de sua vida, a determinar objetivos realistas e a desenvolver a habilidade de tolerar adversidades de forma mais leve e eficiente. Além disso, mostrará como mudanças simples no dia a dia podem resultar rapidamente em uma melhora geral da saúde física e mental.

Alguns hábitos simples, porém comprovadamente correlacionados a maior bem-estar e ao fortalecimento da saúde mental, são:

• Dormir bem: manter bons hábitos de sono, buscando dormir entre 06 e 08h todas as noites, é uma ótima indicação. Estudos apontam que até 75% das pessoas com depressão têm insônia [8]; do outro lado, quem costuma dormir pouco ou mal corre riscos maiores de depressão. Caso tenha problemas para conseguir uma boa noite de sono, procure ajuda médica.

• Alimentar-se bem: alimentos frescos, naturais e repletos de fibras fornecem energia, vitaminas e minerais essenciais à saúde, fazem o corpo funcionar melhor (e por mais tempo), evitam ‘picos’ glicêmicos (como aqueles gerados por alimentos ricos em carboidratos e gorduras, ruins para o bem-estar) e auxiliam até mesmo na hora de dormir.

• Manter-se ativo: sentir-se muito bem após a prática de exercícios é apenas um dos benefícios da atividade física. Em um mundo cada vez mais sedentário, mexer-se é fundamental. Mesmo exercícios simples – como uma caminhada – podem fazer o coração bater mais rápido, ‘desanuviar’ a mente e fornecer energia e saúde que se refletem também no bem-estar mental.

• Manter-se hidratado: beber água pode parecer a atividade mais corriqueira do mundo, mas sabia que ela tem um enorme impacto no bem-estar psicológico? Estar bem hidratado é fundamental para um organismo ativo e funcionando ‘a todo vapor’, já que a água impacta funções como regulação do peso e da temperatura, o equilíbrio de eletrólitos nas células, a proteção dos órgãos e o gerenciamento de energia do corpo. Estima-se que boa parte da população não ingere a quantidade diária ideal de água, e isso se reflete também na saúde mental. Nos últimos anos, diversos estudos [9] têm demonstrado uma correlação direta entre o baixo consumo de água e fatores como disposição física e intelectual reduzida, pior funcionamento da memória de curto prazo, menor ‘flexibilidade’ mental, pior humor e até mesmo chances maiores de depressão. Estar bem hidratado é, portanto, um fator relevante para a nossa disposição – e talvez uma das maneiras mais baratas e práticas de melhorar o humor!
   o A quantidade de água a ser ingerida por dia varia de pessoa para pessoa, de acordo com o nível de atividades, a temperatura, o peso, as condições de saúde etc. No geral, sociedades médicas indicam que homens devem ingerir ao menos 3L de fluidos por dia, e mulheres ao menos 2L.

 

 

É possível prevenir a Depressão?

Existem tantos fatores de risco, tantos potenciais desencadeadores da depressão, que podemos nos perguntar se é possível, de alguma maneira, preveni-la. A boa notícia é que há, sim, estratégias bem definidas nesse sentido.

Diversas pesquisas realizadas nas últimas décadas indicam uma forte correlação, por exemplo, entre bons hábitos de vida, saúde física e mental e felicidade [10]. Especialmente o sono parece estar fortemente correlacionado ao bem-estar mental. Assim, ter um dia a dia ativo, socialmente interessante, acompanhado de boa alimentação e de uma noite inteira de sono, são fatores ‘protetores’ contra a depressão. Sabemos que nem sempre é fácil ter uma vida como essa, porém estes devem ser objetivos de todos.

Estudos indicam, também, que até mesmo atitudes positivas – como agir de forma mais leve no dia a dia, expressar gratidão, presentear outras pessoas, ser mais sociável – resultam em maior sensação de alegria [10], um ‘antídoto’ potente contra a depressão.

Para J.K. Rowling, a companhia de pessoas amadas foi uma aliada poderosa na luta pela saúde mental. Poder conversar, abrir-se, formar uma família, sentir-se amada e compreendida em um casamento sólido – tudo isso estruturou sua vida e ajudou a vencer a depressão, revelou a autora em entrevistas.

O que vimos acima é muito bom, de fato, mas nem sempre factível. Afinal, há pessoas com uma vida realmente sofrida, vítimas de circunstâncias longe das ideais, que carregam um peso psicológico muito grande. Para elas, como discutimos anteriormente, o auxílio profissional é uma ajuda valiosíssima, tanto para tratar da depressão imediata quanto prevenir seu reaparecimento no futuro.

 

 

O vai-e-vem da depressão

E este é um ponto importante: existem muitos casos em que a depressão ‘retorna’, às vezes em meio a um tratamento que parecia estar funcionando, às vezes muito tempo depois da pessoa sentir-se curada. Isso não é incomum, e o paciente não deve sentir-se mal caso se encaixe nesses casos. A depressão, afinal, afeta um dos órgãos mais complexos e menos conhecidos do nosso corpo – o cérebro – e, tratá-la é sempre um desafio.

Não é incomum, por exemplo, tratamentos medicamentosos serem modificados ao longo do tempo, de acordo com os sintomas do paciente e de sua evolução. As dosagens podem mudar. O medicamento pode mudar. Uma nova combinação de remédios poderá ser indicada. Médico e paciente trabalham, juntos, na elaboração das melhores estratégias para tornar a cura da depressão um fator durável e estável. Isso envolve tanto a experiência do médico quanto a responsabilidade do paciente, que precisa aderir ao tratamento, evitar ao máximo quaisquer mudanças ou interrupções não-planejadas e avisar ao profissional de saúde caso ocorram quaisquer fatores estressantes importantes ao longo dessa trajetória (relacionados ao emprego, à família, aos amigos, à própria saúde).

A recorrência da depressão é frequente. Isso é resultado dos inúmeros fatores que influenciam nosso bem-estar psicológico, desde a saúde física até o impacto que este mundo hiper-complexo no qual vivemos – em que a incerteza sobre o futuro é uma força poderosa -, gera sobre nós. Além disso, estima-se que a maior parte de quem está com depressão não procura ajuda médica adequada (o número chega a ser de 80% dessas pessoas, em alguns estudos) [10], seja por preconceitos, medos, falta de um suporte adequado de saúde, estigmas. Isso, por si só, aprofunda ainda mais os sintomas e facilita seu reaparecimento no futuro.

Estudos apontam que, quanto mais cedo na vida a depressão surgir, maiores os riscos de episódios recorrentes no futuro [11]. Cuidar do estado mental dos jovens deve ser uma das prioridades de saúde pública e das famílias.

Como vimos, até mesmo as pessoas mais ricas, poderosas e com uma vida aparentemente ‘perfeita’ podem ser afetadas pela depressão. Todos nós podemos entrar na mira dos ‘Dementadores’. Por isso, o importante é estar atento(a), o tempo todo, ao que se passa na sua mente (e na mente das pessoas ao seu redor), buscar seguir as estratégias preventivas e procurar ajuda quando sentir-se desamparado(a). Acima de tudo, saber que há tratamentos e há cura, e que é possível, sim, trilhar um caminho de esperança.

 

 

Gostaria de participar de uma pesquisa?

A Ciência segue evoluindo e buscando novas maneiras de ajudar a melhorar a qualidade de vida das pessoas. Para quem convive com um a depressão, há uma nova oportunidade de participar de um estudo que pode ajudar a compreendê-la melhor e contribuir para avanços nos tratamentos.

Caso tenha depressão diagnosticada e deseje participar de um estudo clínico, no qual abordagens inovadoras contra a depressão serão testadas, entre em contato com a Synvia Clinical. Você terá acesso a atendimento médico, terapias e exames – tudo de forma gratuita. 

Sua participação é voluntária e você fará parte de um grupo que auxiliará não apenas na compreensão da depressão, como também na descoberta de novas estratégias terapêuticas para ela e para outros distúrbios psicológicos.

Entre em contato através do WhatsApp Oficial.

 

 

Para mais informações:

[1] https://www.thetimes.com/article/j-k-rowling-the-interviewdshhr7c5fjf?msockid=22bf579940ce6bd21713472a44ce6914

[2] Cui, L., Li, S., Wang, S. et al. Major depressive disorder: hypothesis, mechanism, prevention and treatment. Sig Transduct Target Ther 9, 30 (2024). https://doi.org/10.1038/s41392-024-01738-y

[3] Institute of Health Metrics and Evaluation. Global Health Data Exchange (GHDx). https://vizhub.healthdata.org/gbd-results/ (Accessed 4 March 2023).

[4] https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/depressao

[5] Woody CA, Ferrari AJ, Siskind DJ, Whiteford HA, Harris MG. A systematic review and meta-regression of the prevalence and incidence of perinatal depression. J Affect Disord. 2017;219:86–92.

[6] Wirz-Justice A, Ajdacic V, Rössler W, Steinhausen HC, Angst J. Prevalence of seasonal depression in a prospective cohort study. Eur Arch Psychiatry Clin Neurosci. 2019 Oct;269(7):833-839. doi: 10.1007/s00406018-0921-3. Epub 2018 Jul 18. PMID: 30022319.

[7] Kendall, K. M. et al. The genetic basis of major depression. Psychol. Med. 51, 2217–2230 (2021).

[8] Nutt D, Wilson S, Paterson L. Sleep disorders as core symptoms of depression. Dialogues Clin Neurosci. 2008;10(3):329-36. doi: 10.31887/DCNS.2008.10.3/dnutt. PMID: 18979946; PMCID: PMC3181883.

[9] Liska D, Mah E, Brisbois T, Barrios PL, Baker LB, Spriet LL. Narrative Review of Hydration and Selected Health Outcomes in the General Population. Nutrients. 2019 Jan 1;11(1):70. doi: 10.3390/nu11010070. PMID: 30609670; PMCID: PMC6356561.

[10] Folk D, Dunn E. How Can People Become Happier? A Systematic Review of Preregistered Experiments. Annu Rev Psychol. 2024 Jan 18;75:467-493. doi: 10.1146/annurev-psych-022423-030818. Epub 2023 Aug 11. PMID: 37566759. [11] Greden JF. The burden of recurrent depression: causes, consequences, and future prospects. J Clin Psychiatry. 2001;62 Suppl 22:5-9. PMID: 11599650.